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Estado prepara ações contra gafanhotos

Setenta aviões agrícolas estão de prontidão na fronteira para combater a chegada dos insetos ao Rio Grande do Sul

Divulgação -

A estiagem e a pandemia do coronavírus foram duas das maiores preocupações dos governantes gaúchos neste primeiro semestre de 2020. Agora, mais uma preocupação deve chegar ao Rio Grande do Sul: os gafanhotos. Os insetos representam um perigo iminente às produções agrícolas. As ações de combate já receberam investimentos do governo federal e do setor privado. A aviação agrícola, criada pelo pelotense Clóvis Gularte Candiota também para neutralizar os gafanhotos, está na linha de frente destas ações preventivas. Setenta aeronaves deste tipo já estão preparadas para evitar os danos às plantações gaúchas.

As estratégias de combate aos insetos foram idealizadas em parceria com a Argentina, dentro do Comitê Mercosul. A organização tem como finalidade a troca de informação, tecnologia e desenvolvimento das atividades deste setor entre os países do bloco. A vegetação brasileira, argentina e uruguaia é bastante semelhante, porém, a nuvem de gafanhotos é pouco comum no Brasil. É mais frequente no país vizinho. Para um combate mais eficiente, foi montada uma força-tarefa entre o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), empresas privadas do ramo da agricultura e os governos do Mercosul. “Desde a nuvem formada em maio, já estamos acompanhando os possíveis riscos da chegada ao Rio Grande do Sul. Trocamos informações e encaminhamos um ofício ao Ministério da Agricultura, que investiu R$ 600 mil para este combate. Elaboramos os protocolos junto com as autoridades argentinas, que possuem mais conhecimento do controle e de como avançam esses animais”, explica o proprietário da empresa Itapororó Aviação Agrícola (Itagro), uma das organizações da linha de frente deste combate, Marcos Camargo.

No momento, existem três nuvens de gafanhotos em movimentação na parte sul do continente. A primeira, formada no Uruguai, possui 10 km² de extensão. A segunda, que está sendo monitorada pelos técnicos, é ainda maior, foi formada na Argentina e conta com 20 km². Uma terceira ainda não iniciou deslocamento, mas se movimenta no Paraguai e já está sendo observada pelas equipes governamentais. Ao saber da primeira nuvem, que se formou em maio, a Itagro, em conjunto com outras empresas, disponibilizou seus funcionários especializados em aviação agrícola para neutralizar a ameaça.

A frota gaúcha de aviões agrícolas é a segunda maior do Brasil - apenas Mato Grosso possui mais aeronaves. Em um primeiro momento, o Ministério da Agricultura disponibilizou todos os veículos para o controle dos gafanhotos. Após uma análise mais técnica, o número foi reduzido e chegou à quantidade de 70 aeronaves. O número foi pensado dentro da disponibilidade tecnológica para a iniciativa. “Os aviões são rápidos e altamente tecnológicos. Precisamos da orientação dos agrônomos para agir, mas nossas aeronaves são bem equipadas e eficientes. É uma ação governamental para impedir estes danos. Técnicos da secretaria estadual já monitoram a fronteira para detectar sinais de quando a nuvem pode chegar aqui”, afirma Marcos.

Ações de combate

As estratégias traçadas pelo Ministério da Agricultura preveem medidas rápidas e eficientes. As nuvens serão localizadas enquanto voam e, para neutralizá-las, os pilotos aguardam o pouso dos insetos. Normalmente, os animais aterrissam e passam a noite em um local específico. Quando amanhece e as temperaturas ainda não estão altas e os ventos não estão fortes, as nuvens se movimentam novamente. A ação dos pilotos é prevista para este momento, antes da decolagem dos insetos. A previsão é que a contenção dos gafanhotos aconteça em um período de pouco mais de duas horas.

Pioneirismo na aviação agrícola

O dia 20 de agosto de 1947 marcou também a chegada de gafanhotos ao Rio Grande do Sul. Mais de 70 anos, a tecnologia inventada pelo piloto pelotense Clóvis Gularte Candiota e pelo engenheiro agrônomo Antônio Leôncio de Andrade Fontelles foi a estratégia que combateu a vinda dos insetos, que atingiram as plantações pelotenses. Eles idealizaram uma polvilhadora que foi adaptada a uma avião biplano de treinamento, o Muniz M-9 prefixo PP-RER. O sucesso da empreitada é considerado o início da aviação agrícola é até hoje lembrado como um marco histórico pelos profissionais da área.

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